quarta-feira, novembro 04, 2009

O Gelado da Carte D'Or


Porque a curiosidade pode matar os leitores deste blogue, em especial os do Norte deste país, que tem por hábito passar neste estaminé, eu explico o porquê de ter estado ontem a ajudar os senhores inspectores.
Tudo aconteceu quando euzinha estava pacatamente na fila de um supermercado para pagar um mega gelado da Carte D'Or.
Um gelado de chocolate, pois está claro, daqueles mesmo bons, que fazem qualquer um salivar até mais não, com pepitas crocantes e tudo, com vários tipos de chocolate, textura irresistível, enfim de chorar por mais, quando uns indivíduos encapuçados, entram pelo supermercado a dentro e dizem o cliché dos clichés:
"Isto é um assalto!"

Eu sei, pouco original, mas enfim foram os ladrões que calharam, e na altura se gritassem
"Isto é um pedido inesperado por dinheiro!", eu sei, ninguém ligava.

O primeiro pensamento que cruzou o meu Tico e Teco foi:
"Óh oh que brincadeira tão parva! Olha que isto, era o que me faltava..."
mas depois de ver a senhora da caixa a levar com uma coronhada na cabeça percebi que afinal era a sério, e o melhor mesmo era colaborar, e não chamar muito à atenção.
A cena que depois se seguiu foi parecida com aquela passada no BES, com mais uns quantos assaltantes, sem os snipers, sem a comunicação social, e tirando os comentários do Moita Flores.
De resto um assalto à imagem dos assaltos que já estamos habituados a ver nas séries da Tv, foi uma cena mesmo à filme, que nunca em momento algum pensei viver nesta vida.
Enquanto estive sentada no chão, alguns pensamentos invadiam-me o espírito:
"Bolas! Que maçada, os frangos a arrefecerem no carro, e o gelado a derreter-se... quando é que isto acaba?!"

"Isto deve ser a pior forma de alguém se arrepender de vir comprar um gelado! Garganeira... se não fosse pelo chocolate já estavas em casa!"

E ainda...
"Eu não acredito que o chocolate vai ser a causa da minha desgraça... Óoh vida cruel!!!"

Bom, quando a coisa acabou, a malta presente no super estava um bocadinho alterada, histéricos, a roçar o pânico, eu lá estava, calma, sempre calma, com uma calmaria que não estremeceu nem mesmo depois de ver o sangue na cabeça da rapariga.
Na altura não desmaiei, não me deu nenhum fanico, n-a-d-a, pelo contrário, foi só aí que optei por largar o gelado e ir ajudar a rapariga.
Nesse momento as minhas mãos agradeceram, visto já estarem tipo pedra, enregeladas, e a cederem ao frio do Carte D'Or.
Enquanto o INEM chegava e não chegava, tive de arranjar algo para estancar o sangue à rapariga, que como podem imaginar estava para além de abalada.
Improvisar algo num supermercado não é assim tão fácil, a oferta não era grande, o que havia passava apenas pelos panos de limpeza e pouco mais.
Demorei ainda algum tempo a decidir qual dos panos era melhor, se um pano do pó de flanela normalíssimo, daqueles tipicamente laranja, ou um outro pano amarelo, suave, absorvente e antibactérias, característico da Vileda.

Decidi-me pelo acima, e o resto foi tentar não deitar as entranhas para fora enquanto tentava estabilizar a moça.
Enfim, foi um início de noite diferente, com muita adrenalina à mistura, e que vai com toda a certeza ficar para a minha história.

4 comentários:

Sandra disse...

Pois, já sabia o que te tinha acontecido. Fogo acho que eu passava-me por completo.

O que vale é que até foi rápido e o gelado não derreteu.

Bjs

Carla Santos Alves disse...

Desculpa, o que me ri com os teus pensamentos dos frangos a arrefecerem no carro, e garganeira e tal...é mesmo, o chocolate É a nossa desgraça!

Bjs oh corajosa!

Tuaregue disse...

Boooooolasss!!!

Ainda bem q tudo acabou bem... incluindo pro gelado e para aos franguitos!

O poeta e o Guerreiro disse...

Então tu participas numa versão Tuga da 1a cena do filme 'Cobra', do Stallone...e o post que aqui pões é "Os detectives não comem donuts"?!?! E ainda foste tomar conta da senhora da caixa?! Que coragem. Eu bem disse que tinhas uma costela do Norte:)